A deputada federal Camila Jara visitou a Terra Indígena Lagoa Rica, em Douradina, a 200 km de Campo Grande, nesta segunda-feira (29), para entender a situação entre os guarani kaiowá e os ruralistas. Na sequência, a parlamentar seguiu para Dourados, a 230 km da Capital, para uma reunião na sede do Ministério Público Federal (MPF).
Em meio ao clima de tensão e insegurança na TI Panambi, Camila propôs a elaboração de um documento para ser entregue ao presidente Lula. “É impossível vivenciar essa realidade e não se comover e, com isso, propus a elaboração de um documento que eu mesma entregarei em mãos ao presidente Lula. Chega de aceitar essa situação, especialmente aqui em Mato Grosso do Sul”, pontuou.
Na sequência, a reunião no MPF debateu uma proposta de negociação para a compra de terras fora da área já delimitada e reconhecida, desde 2011, como de direito dos guarani kaiowá da Terra Indígena (TI) Panambi Lagoa Rica.
Os membros da Grande Assembleia Guarani Kaiowá e os indígenas da TI Panambi Lagoa Rica se recusam a aceitar qualquer negociação fora de suas terras, consideradas originárias, ancestrais e inegociáveis.
A deputada destacou, ainda, a importância de se voltar o olhar aos mais vulneráveis deste conflito. “A gente tem que prezar sempre para que as vidas sejam preservadas e olhar, principalmente, para as pessoas que estão mais necessitadas neste momento de conflito. A Força Nacional está acompanhando de perto, em conjunto com toda a força de policiamento local, e a gente espera que eles atuem para evitar que tragédias aconteçam”, finalizou.
Atuação conjunta – A deputada federal Camila Jara (PT/MS), em parceria com a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG), oficiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seis ministérios e a Procuradoria-Geral da República, na semana passada.
No documento, a deputada cobrou respostas sobre a situação e destacou a intensificação dos conflitos e a necessidade de medidas imediatas para proteger os povos indígenas. As parlamentares detalharam seis ataques armados contra comunidades indígenas em três estados: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná.
“As comunidades indígenas estão sob ataque e necessitam de proteção urgente. Precisamos de uma resposta rápida e eficaz para evitar maiores tragédias e garantir a segurança dos povos originários. A violência prejudica os dois lados e não pode continuar impune, pontua a deputada Camila Jara.
O documento registra os ataques aos Guarani Kaiowá do território da TI Panambi – Lagoa Rica, em Douradina-MS; o povo Kaingang da retomada Fág Nor, em Pontão (RS); e o povo Avá-Guarani dos tekoha Arapoty e Arakoé, também da Terra Indígena Guasu Guavira (PR).
Também foram mencionados os ataques a outras três comunidades nestes mesmos estados: aldeia Pekuruty, do povo Guarani Mbya, no município de Eldorado do Sul (RS), famílias Guarani e Kaiowá do tekoha Kunumi Vera, localizada na Terra Indígena (TI) Dourados-Amambaipeguá I – MS e, por fim, o tekoha Tatury, do povo Avá-Guarani, que integra a Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, no oeste do Paraná.