Após cerca de 70 famílias voltarem a ocupar um terreno no bairro Los Angeles, região sul de Campo Grande, na noite de segunda-feira (06) – depois de quatro meses que a prefeitura reintegrou a área -, a vereadora Camila Jara (PT) usou a tribuna durante a Sessão Ordinária desta terça (07) para chamar a atenção dos demais colegas vereadores e de toda a sociedade para o desmonte das políticas sociais promovido pelo Governo Federal.
De acordo com a parlamentar, além de deixar milhões de brasileiros desempregados e condená-los à fome, o Governo Bolsonaro também deixou as pessoas sem ter onde morar. “Em MS, mais de 71 mil famílias não têm uma casa e não têm nem perspectiva de ter, porque todos os programas que visavam acabar com o déficit habitacional foram extintos. Entre pagar um aluguel e comer, as pessoas obviamente optam por comprar comida”, relatou.
Em Campo Grande, nos últimos 10 anos, foi registrado o surgimento de pelo menos 38 ocupações que são catalogadas como favelas, onde vivem centenas de famílias sem nenhuma estrutura.
Camila Jara também criticou outras decisões que estão sendo tomadas em Brasília que podem agravar a situação de milhares de famílias brasileiras. “Se não bastasse as famílias brasileiras terem que fazer essa escolha, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que permite que as famílias endividadas tenham suas casas retiradas, condenando mais milhares de pessoas a ficar sem moradia”, afirmou, referindo-se ao Projeto de Lei (PL) 4188/2021, de autoria do governo de Jair Bolsonaro (PL), que, entre outros pontos, permite que bancos e instituições financeiras possam penhorar o único imóvel de uma família para quitar dívidas.
Finalizando sua fala, a vereadora chamou atenção para a mudança de cenário de que, antigamente, as pessoas adquiriam dívidas para comprar bens duráveis e de alto valor, como um carro ou a casa própria, e atualmente, com a inflação passando dos 11% e o poder de compra no menor nível da história, as pessoas estão se endividando para sobreviver.
Dívidas
O percentual de brasileiros endividados é o maior em 12 anos, chegando a 77,5% das famílias com alguma dívida, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O principal motivo das contas em aberto é o cartão de crédito, utilizado em 69% das compras para adquirir itens de necessidades básicas, como alimentos.
A inadimplência também vem crescendo no país desde outubro de 2021, acumulando 8 altas consecutivas.