Durante a sessão ordinária desta terça-feira (10), a vereadora Camila Jara (PT) usou o momento da comunicação dos líderes, cedido pelo vereador Ayrton Araújo, líder da bancada do partido, para fazer um alerta contra os constantes ataques à democracia brasileira feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu governo.

Camila abriu sua fala citando o relatório da Oxfam Brasil, uma organização brasileira que faz parte de um movimento global contra a pobreza, a desigualdade e a injustiça, divulgado nesta segunda-feira (09). O relatório mostrou que a falta de representatividade dos grupos que compõem a população brasileira nas casas legislativas e executivos no Brasil e a diminuição da participação popular em conselhos de políticas públicas são entraves para que o Brasil reduza sua desigualdade social.

De acordo com a vereadora, as decisões tomadas pela elite que ocupa os espaços de poder não refletem as verdadeiras necessidades e demandas da população que eles representam, o que amplia também a desigualdade econômica. “Por espaços como esse não serem ocupados por mulheres, por negros, por indígenas, por pessoas trans e pessoas de classes sociais mais baixas, o nosso país é extremamente desigual”, afirmou a vereadora, que é a única mulher entre os 29 vereadora da Câmara Municipal de Campo Grande. 

“E o que está acontecendo em Brasília neste momento é que querem aprovar um sistema que exclui ainda mais mulheres dos espaços de poder, exclui ainda mais pessoas pobres dos espaços de poder. Nós não podemos aceitar o ‘distritão’, não podemos deixar que a nossa democracia se enfraqueça cada vez mais. Temos que lutar para deixar nosso sistema mais plural, mais democrático, e não retroceder”, continuou a vereadora, referindo-se à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 125/11. A proposta reforma o sistema eleitoral brasileiro, reduzindo a cota feminina e acabando de vez com as ações afirmativas para candidaturas negras, entre outros retrocessos.

Na noite de ontem, a Comissão Especial da Câmara aprovou, por 22 votos a 11, o texto da chamada PEC do Distritão, que será votado em plenário da Câmara dos Deputados e, se aprovado, será utilizado já nas eleições de 2022. 

Desfile militar
Ao final de sua fala, Camila mencionou o desfile militar inédito com veículos blindados e armamentos que Bolsonaro anunciou para a manhã de hoje em frente ao Palácio do Planalto, ao mesmo tempo que acontecia a discussão de outra Proposta de Emenda Constitucional na Câmara dos Deputados, a PEC 135/19, que prevê a obrigatoriedade do voto impresso. Na sexta-feira (06), a Comissão Especial votou que o Plenário rejeite o texto. 

“Não podemos permitir mais uma ameaça à democracia e ao combate às desigualdades do nosso país. Nós não podemos aceitar que tanques sejam colocados na frente do Congresso Nacional para pressionar uma votação. Porque quando a gente se cala diante dessa situação, nós pactuamos com o fim da nossa democracia”, finalizou a vereadora.