Já pensou ter que escolher entre colocar comida no prato ou comprar absorventes? É estranho ler isso, eu sei. Mas mais impactante ainda é saber que existe de fato quem tenha que fazer essa escolha.

Todos os meses, meninas e mulheres em todo o país passam pelo constrangimento de não ter suas necessidades menstruais atendidas, em casa, na escola, no trabalho… E a desigualdade social provocada pela pandemia aumentou ainda mais a vulnerabilidade dessas pessoas.

No Brasil, 7,2 milhões de mulheres vivem em situação de extrema pobreza, de acordo com a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE. Levando em conta que a maioria delas está em idade reprodutiva e menstrua, é possível afirmar que muitas vivenciam também a pobreza menstrual.

A falta de acesso a itens de higiene durante o período menstrual pode gerar problemas à saúde de meninas e mulheres.

Infecções causadas por higiene insuficiente e pelo uso de materiais inadequados e inseguros para conter o sangramento são só alguns deles.

Sem condições de comprar absorventes higiênicos, muitas usam pedaços de pano, papel higiênico, papelão, jornal e até mesmo miolo de pão.

Mas o problema da precariedade menstrual vai muito além.

Evasão escolar
Em uma sociedade que ainda trata menstruação como tabu, como ir para a escola sem ter absorventes?

Uma pesquisa de 2018 mostrou que 22% das meninas de 12 a 14 anos e 26% entre adolescentes de 15 a 17 anos não têm acesso a produtos higiênicos adequados para a menstruação no Brasil e que 213 mil meninas frequentam escolas que não têm banheiro em condições de uso.

Assim, meninas faltam mais às aulas, podem ter um atraso na aprendizagem e no rendimento escolar e até mesmo abandonar os estudos.

Da escola para o mercado de trabalho
Com a educação comprometida, a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho se acentua e as chances delas adquirirem autonomia financeira e quebrarem o ciclo da pobreza diminuem ainda mais.

Vulnerabilidade acentuada
A pandemia ressaltou ainda mais a desigualdade social no país e muitas famílias estão em vulnerabilidade extrema, passando por todo tipo de necessidade.

Entre comprar absorventes ou colocar comida no prato, qual você acha que é a escolha de milhares de mulheres brasileiras?

Uma política pública que promova a educação sobre o tema e leve informação para todos, além de garantir acesso a itens menstruais como absorventes higiênicos, se faz necessário e urgente para garantir dignidade para essas mulheres.